Jogador da seleção brasileira em três Copas do Mundo, Müller colecionou passagens curiosas fora dos gramados
Por Frederico Jota
Publicado em 20 de dezembro de 2022 | 17h34
Um dos maiores craques brasileiros nas décadas de 1980 e 1990, o atacante Müller teve bola suficiente para estar em três Copas do Mundo, jogar na Itália e no Japão e colecionar títulos pelo Brasil afora. Isso não é novidade para muitos fãs de futebol, mas junte as saborosas histórias dos bastidores do ex-atacante e isso se torna digno de um livro de 550 páginas. “Predestinado: A Vida do Craque Müller”, de Anderson Olivieri e lançado pela editora Vitalia, já pode ser colocado na primeira prateleira dos livros sobre a vida de atletas brasileiros.
Detalhista, Anderson entrevistou uma infinidade de personagens próximos ao jogador, incluindo familiares, ex-colegas de profissão, dirigentes, treinadores e empresários, além do próprio Müller, para construir uma história minuciosa, que traz para o público brasileiro dados incríveis da passagem do jogador pelo Torino, bastidores do período no Japão e um mergulho profundo na longa carreira dele no futebol brasileiro.
São vários os méritos do autor. Entre eles, mostrar as origens do jogador e de seus antepassados no Mato Grosso do Sul, o que ajuda a entender como foi a construção do homem Müller. Olivieri não deixou nada de fora e, assim como exalta os momentos mágicos de Müller nos gramados, expõe os percalços do jogador fora dos campos.
Estão no livro os problemas financeiros e familiares, com as idas e vindas de seu casamento com a ex-chacrete Jussara Mendes, a dedicação à igreja, o que lhe causou situações complicadas pela falta de planejamento com o dinheiro e resultou em atritos familiares. Dá para conferir de perto também os contratos que não foram cumpridos, as oportunidades desperdiçadas, as discussões com treinadores, os desafetos e os erros cometidos não só quando era jovem, mas também bem maduro.
As idas e vindas no futebol também estão no livro. Müller jogou nos cinco principais clubes paulistas, voltou por cima para a Itália, para o Perugia, e foi muito mal, mudou de função com Luxemburgo, defendeu o Cruzeiro e gostaria de ter defendido o Atlético, foi campeão do mundo pelo São Paulo e pela seleção brasileira e aceitou contratos discretos para jogar até mesmo quando estava prestes a completar 50 anos.
Ao dissecar a vida de Müller, Olivieri apresenta um personagem raro para o grande público, que não vai lembrar com tamanha riqueza de detalhes daquele que ganhou o mundo, perdeu muito de seu patrimônio e se aventurou por diversas frentes. O craque, todos vão se lembrar. E Müller realmente jogava demais. Merecia esse registro.