Prazer para o público

Por Manoel Hygino*
Publicado em 25 de abril de 2023 | 06h00

Edmilson Caminha lançou mais um livro, exatamente um mês depois da data de meu “cumpleãnos”, como dizem os de língua espanhola. O evento, como se costuma dizer agora, foi na sede da Associação Nacional de Escritores, na Asa Sul, em Brasília, pela editora Vitália.

Antes da sessão de autógrafos, o autor fez palestra sobre os “100 anos de Fernando Sabino, que “nasceu homem, morreu menino”, no auditório Cyro dos Anjos, da ANE. 

Tudo disfarçadamente sem chamar atenção, pois Cyro, mineiro de Montes Claros, foi colaborador muito próximo de Benedito Valadares, governador de Minas, durante o tempo em que Vargas esteve no Catete; e Fernando Sabino, cujo centenário ora se festeja, se fez genro do ocupante do Palácio da Liberdade, além de presentear o distinto público com seus excelentes “O encontro marcado” e “O grande mentecapto”.

A nova obra de Edmilson Caminha tem o título de “A noite em que dei autógrafo a Belchior”, recorda o já remoto tempo em que foram estudantes de Medicina na Universidade Federal do Ceará, com o escritor no primeiro ano, e o cantor e compositor já no quinto. O cronista e articulista comenta: “Pelo menos duas coisas em comum: abandonáramos os estudos médicos e apreciávamos a poesia de Carlos Drummond de Andrade”. E aqui entra mais um mineiro em cena.

Esta é a vigésima publicação de Caminha, todas recebidas com entusiasmo pelo leitor, durante os 30 anos residente em Brasília, em que integra prestigiosas instituições dedicadas às letras, como a Academia Brasiliense e o PEN Clube do Brasil, afora o Observatório da Língua Portuguesa, em Lisboa.

Um artigo focaliza Guimarães Rosa, o mineiro de Cordisburgo que conquistou o Brasil com sua obra consagrada e um segundo evoca Santos Dumont, vencedor dos espaços aéreos e admirado não só pelos franceses de sua época. Enfim, o novo livro deste cearense irá agradar ao gosto e à inteligência brasileira merecendo o elogio merecido num período em que tanta besteira chega às livrarias. 

Edmilson – já se pode afirmar sem medo de errar – se tornou um nome em termos de literatura brasileira, em que começou como professor em seu estado de nascimento. Viajou pelo mundo, conheceu lugares fantásticos, participou de aventuras inimagináveis, descreve com habilidade que só os bons autores fazem. Ler o que ele escreve é, assim, quase um saboroso dever didático, que se tem de desfrutar. É o que prova no novo livro, que tem Belchior e muito mais gente de prestígio como personagens.

*Manoe Hygino é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

(Leia aqui a coluna de Manoel Hygino no jornal Hoje em Dia)

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